O Presidente da Geórgia assinou, esta sexta-feira, o acordo de cessar-fogo negociado pelo Presidente francês, Nicolas Sarkozy. O seu homólogo russo ainda não o fez. Dmitri Medvedev esteve reunido com Angela Merkel em Sotchi, uma cidade russa no Mar Negro perto da zona de conflito. Mikhail Saakashvili recebeu a Secretária de Estado norte-americana, Condoleeza Rice, no palácio presidencial de Tbilissi.
A Chefe de Estado alemã reafirmou a necessidade da Rússia retirar as suas tropas do território georgiano. Merkel considerou a intervenção militar “desproporcionada”, relativamente à força utilizada, “mesmo tendo em conta a descrição russa da situação”. A chanceler disse também que “a integridade territorial da Geórgia deve ser a base da solução do problema da Ossétia do Sul” e reiterou que espera uma “rápida retirada das tropas russas” do território georgiano.
O Presidente russo, por seu turno, afirmou que “depois do que aconteceu, é improvável que os ossetas e abecazes consigam viver dentro do mesmo Estado que os georgianos”. Medvedev disse também que o seu país poderá voltar a usar a força contra a Geórgia, se o país voltar a atacar as suas tropas ou cidadãos e que “a vontade do povo”, nas duas regiões, continuará a ser garantida por Moscovo e os seus militares.
Rice, na sua declaração, sublinhou que “o objectivo mais urgente é a retirada imediata e ordenada das forças armadas da Rússia e o regresso dessas forças à Rússia”. Numa alusão à invasão soviética da Checoslováquia, a secretária de Estado americana lembrou que “não estamos em 1968”, razão pela qual “a Rússia tem de sair da Geórgia” e dar lugar a “uma força internacional de manutenção de paz imparcial”.
Mikhail Saakachvili, por sua vez, salientou que o documento que assinou “é um cessar-fogo e não uma cedência de territórios”. Lembrando que a Geórgia é, neste momento, “um país ocupado”, o Presidente georgiano garantiu que pretende manter a integridade territorial. Criticou ainda a passividade “da maioria dos países europeus” perante a Rússia, realçando que esta é “uma ameaça para todo o mundo”, que não pode continuar a ser ignorada.
Também o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, se pronunciou contra a Rússia, esta sexta-feira. Bush disse que “a Guerra-fria acabou” e, como tal, “a ameaça e a intimidação não são métodos aceitáveis para conduzir a política internacional no século XXI”. Bush afirmou a necessidade da Rússia “respeitar a liberdade dos países vizinhos”, pois só assim poderá “começar a recuperar o seu lugar no mundo”.
“Os dias de Estados-satélite e de esferas de influência pertencem ao passado”, declarou Bush. A afirmação reveste-se de um significado especial, já que esta quinta-feira os EUA e a Polónia concluíram as negociações para a construção do famigerado escudo anti-míssil americano em território polaco. Medvedev já tinha afirmado que o escudo representa uma ameaça directa sobre a Rússia.
1 comentário:
Pois é amigo, o precedente foi aberto pelo "Ocidente" com a independência do Kosovo, agora surge uma situação que muitos esperavam, com a diferença de ser "o outro lado" a desencadeá-la e surgem logo os valores da liberdade e o moralismo.
Tenho pena dos civis que se vêm neste "embrulhada" de politiquices e demonstrações de poder camuflado por falsos princípios, quer de um lado quer de outro.
Gostei sobretudo da frase do Bush onde afirma que "a ameaça e a intimidação não são métodos aceitáveis para conduzir a política internacional no século XXI"...
Para reflectir.
Um abraço
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