30 maio 2008

Ban Ki-moon anuncia progressos no Iraque

Ban Ki-moon, na sua intervenção desta quinta-feira na Conferência Internacional sobre o Iraque, em Estocolmo, na Suécia, declarou que a situação no Iraque está a melhorar. Nas palavras do Secretário-geral da ONU, foram ultrapassados os “níveis de violência alarmantes de 2006 e dos princípios de 2007”, o que abre caminho a “uma nação livre, segura, estável e próspera”.

Ban Ki-moon deu os parabéns ao Primeiro-ministro, em particular e ao povo iraquiano, em geral. O Chefe de Governo iraquiano, Nuri al-Maliki, agradeceu o optimismo e a confiança do alto responsável sul-coreano. Na sua intervenção, pediu à sociedade internacional que sejam anuladas as dívidas do país e o levantamento das sanções que ainda vigoram.

Para Nuri al-Maliki, a manutenção das sanções constitui “um obstáculo à reconstrução e ao desenvolvimento”. Apesar de reconhecer que o Iraque “não é um país pobre”, apelou aos delegados presentes na Conferência para que não obriguem o seu Governo a pagar indemnizações pela invasão do Koweit, em 1990, pelas tropas do regime de Saddam Hussein.

28 maio 2008

28 de Maio de 2008: implantação da República do Nepal

A assembleia constituinte do Nepal aboliu, esta quarta-feira, aquela que era a última teocracia hinduísta do mundo. Por decreto, foram também revogados todos os privilégios da família real. A decisão não foi uma surpresa, pois o partido maoista, que venceu as eleições de 10 de Abril, fez da supressão da monarquia o elemento-chave da sua campanha.

“A proposta de instaurar uma democracia foi adoptada pela maioria”, disse Kul Gurung, porta-voz do parlamento. Ao rei deposto, o contestado Gyanendra, foi dado o prazo de duas semanas para abandonar o palácio real. Uma fonte oficial, citada pelo jornal Público, garantiu aos jornalistas que o edifício será transformado num museu e aberto a visitas

O ex-rei do Nepal tinha anunciado, a 22 de Abril, o regresso do país à democracia, quando concluiu que o seu isolamento político era irreversível. Gyanendra subiu ao poder em 2001, depois do príncipe herdeiro ter assassinado os seus pais e sete outros membros da família real e cometido suicídio, acontecimento que foi determinante para minar a confiança no regime.

25 maio 2008

Morte de “Tiro Fijo”: desmobilização das FARC?

O Presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, anunciou este sábado ter informações que apontam para a iminente desmobilização de alguns líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). A declaração surge após a divulgação da notícia da morte do mais importante líder da organização guerrilheira, Manuel Marulanda “Tiro Fijo”.

Manuel Marulanda, também conhecido por Pedro António Marín, ou simplesmente “Tiro Fijo” (tiro certeiro), era, com os seus 78 anos, o mais antigo e importante chefe das FARC. De acordo com as informações citadas pela Lusa, o líder guerrilheiro terá morrido devido a uma paragem cardíaca. As FARC já nomearam Alfonso Cano para suceder ao líder histórico..

Uribe, em directo no canal estatal de televisão, garantiu que “alguns dirigentes das FARC anunciaram a sua decisão de desmobilizar e de libertar Ingrid Betancourt, se lhes for garantida a liberdade”. Segundo afirmou, o acordo com os guerrilheiros passa pela sua entrega às autoridades francesas “para que possam desfrutar da liberdade nesse país”.

23 maio 2008

Monges violentos - Rectificação

Publiquei, no dia 12 de Maio, a peça “Monges violentos.” Quando a publiquei, afirmei que não podia confirmar a fonte. No entanto, um comentário anónimo chamou-me a atenção para o facto de esta informação não ser verdadeira. Segundo este leitor, esta imagem foi captada em 2003, durante a realização de um filme. É o problema da Internet, nunca sabemos qual é a informação mais credível...


Partido de Saakashvili vence eleições georgianas

Na Geórgia, o Movimento Nacional Unido, partido do Presidente Mikhail Saakashvili, ganhou as eleições legislativas desta quarta-feira, tendo obtido 63% dos votos, de acordo com os resultados provisórios adiantados ontem pela Comissão Eleitoral. O Conselho da Oposição Unida, que junta nove partidos, só conseguiu alcançar os 13%.

Apenas dois outros partidos conseguiram alcançar a representação parlamentar, designadamente o Democrata-cristão, com 8% e o Trabalhista, que obteve 6%. O sistema eleitoral georgiano exige aos partidos um mínimo de 5% de representação para entrar no Parlamento, no qual se distribuem 150 lugares.

O presidente Saakashvili tinha proclamado a vitória logo na quarta-feira à noite, antes da publicação dos resultados oficiais. A oposição contestou a declaração e reclamou que os resultados tinham sido manipulados. Na manhã de quinta-feira, cerca de mil manifestantes concentraram-se em Tbilisi, para mostrar o seu descontentamento.

Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) verificaram a existência de “vários problemas” no acto eleitoral. Em comunicado emitido esta quinta-feira, a organização elogiou os esforços do sistema político georgiano para “organizar legislativas conforme as normas internacionais”.

Segundo a AFP, citando o relatório da OSCE, “os partidos puderam fazer campanha activamente, mas houve muitas alegações de intimidações, algumas das quais foram verificadas”. Há também registo de “pressões sobre os observadores” e “falhas importantes durante a contagem dos votos”.

22 maio 2008

Queimados vivos por bruxaria

No Quénia, na aldeia de Nyakeo, a cerca de 300 quilómetros de Nairobi, dezanove pessoas foram detidas esta quinta-feira, acusadas de terem queimado vivos, nas suas casas, onze camponeses acusados de bruxaria. A região é conhecida como “zona de bruxos”.

Cerca de uma centena de pessoas, na noite de terça-feira, tinha percorrido as ruas da aldeia de Nyakeo. Na romagem, promovida, segundo a AFP, por uma máfia local, os populares invadiram e deitaram fogo às casas dos acusados, tendo as vítimas sido previamente amarradas no interior.

De acordo com a polícia local, foram assassinadas oito mulheres e três homens, todos com mais de 70 anos. “Até agora, confirmámos onze mortos e procuramos ainda as casas incendiadas para a eventualidade de se encontrarem outros corpos”. As autoridades afirmam que vão punir os responsáveis.

Eventos como este não são novidade no Quénia. Durante a última década do século vinte deu-se uma vaga de incidentes do género. Dezenas de pessoas foram mortas, acusadas de lançar feitiços que, alegadamente, tornavam as pessoas canibais, surdas, mudas ou sonâmbulas.

20 maio 2008

Rendição de Karina: rude golpe para as FARC

O Presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, viu concretizada uma detenção que tinha sido declarada prioritária há cinco anos. Nelly Ávila Moreno, conhecida por “Karina”, ou “Janet Mosquera Rentería”, histórica líder guerrilheira das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), entregou-se este Domingo às autoridades.

O Governo já declarou que a rendição de Karina é um “rude golpe” para a guerrilha das FARC. Segundo um porta-voz governamental, “a guerrilheira estava cercada e não tinha alternativa à rendição”. A detida afirma, citada pelo estadão.com, não ser responsável pela maioria dos crimes de que é acusada e que “desmobilizou para fazer algo pela paz”.

O Governo colombiano já tinha oferecido 1 milhão de Dólares pela captura de Karina. Sobre ela pendem várias acusações de terrorismo e homicídio, designadamente o do empresário Alberto Uribe Sierra, pai do actual presidente, durante uma tentativa de rapto, em 1983 numa das propriedades da família, no Departamento de Antioquia.

“O que fez Karina é o caminho que todos devem tomar”, declarou o general Mario Montoya, do Exército colombiano. O Chefe militar disse que, só este ano foram já 87 os combatentes que depuseram as armas e aderiram ao programa de reinserção. Segundo esta fonte, estão já integrados neste programa 1181 antigos rebeldes das FARC.

19 maio 2008

“Slogans vazios para enganar os fracos”

Osama Bin Laden declarou, uma vez mais, guerra a Israel e aos seus aliados. Numa gravação áudio, publicada num site islâmico no último fim-de-semana, apelou aos palestinianos para que se revoltem contra o bloqueio israelita na Faixa de Gaza e aos muçulmanos de outros países incitou a combaterem os seus Governos, que acusa de terem “vendido a Palestina aos judeus”.

“Continuaremos, Deus o permita, a lutar contra Israel e os seus aliados, e não cederemos um milímetro de terra palestiniana enquanto existir um único muçulmano verdadeiro na Terra”, afirmou Bin Laden. A presença de dirigentes ocidentais em Israel, por ocasião das celebrações do 60º aniversário do Estado judeu, prova, no entender do líder da Al-Qaida, que “os valores de justiça, liberdade e humanismo não passam de slogans vazios para enganar os fracos”.

18 maio 2008

Bush diz que "Masada não voltará a cair"

O Presidente dos Estados Unidos da América, enquanto discursava, este sábado, no Knesset, fez duras críticas "aos que acreditam que devemos negociar com terroristas e radicais”, em busca de um falso conforto”. Bush acredita que a via da negociação, com “Estados que apoiam o terrorismo” foi “desacreditada pela história”.

As declarações de Bush foram entendidas como uma resposta ao pré-candidato do Partido Democrata à Presidência dos EUA, Barack Obama, que tinha afirmado a necessidade de encetar um diálogo construtivo com o Irão e com a Síria, países que a Administração Bush categorizou como fazendo parte de um “eixo do mal”.

Bush disse ainda que “ninguém que reza ou diz rezar ao Deus de Abraão seria capaz de vestir uma criança como um bombista suicida, ou pilotar aviões contra prédios comerciais cheios de trabalhadores inocentes”. Pouco depois do discurso, o porta-voz da Casa Branca apressou-se a dizer aos jornalistas que Bush não se referia a Obama.

Antes da sessão no Parlamento israelita, Bush visitou as ruínas da fortaleza de Masada, local histórico e símbolo nacional, que foi palco de um cerco pelos romanos, durante três anos, tendo sido tomada no ano 70 d.C. Quando os legionários conseguiram penetrar na cidadela, os sitiados judeus tinham já cometido suicídio colectivo, para evitar a captura pelo invasor.

Este sítio histórico é visita escolar obrigatória para todas as crianças israelitas, sendo a história do cerco uma referência constante nos manuais escolares, que exaltam o milenar heroísmo nacional do povo judeu. Bush, no seu discurso no Knesset, garantiu aos israelitas que “Masada nunca mais cairá porque “a América estará ao seu lado”.

Os palestinianos, para quem a data tem outro significado, marcaram o aniversário de Israel com sirenes e balões negros. Os manifestantes lembraram as centenas de milhares de refugiados, que fugiram ou foram expulsos durante a guerra da independência e nunca puderam regressar. O evento é chamado a “Nakba”, ou o Dia da Catástrofe.

Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, respondeu pouco depois ao discurso do Presidente americano. Segundo afirmou, “o racismo que impede o direito do retorno aos milhões de refugiados palestinianos”, estabelece uma inevitabilidade para o Estado hebreu: “Israel não sobreviverá outros 60 anos. O fim de Israel está próximo.”

16 maio 2008

FARC ensombram início da cimeira ALC/UE

A crise diplomática que tem marcado as relações bilaterais da Colômbia com o Equador e com a Venezuela, ameaçou esta sexta-feira dominar a agenda da V Cimeira América Latina e Caraíbas/União Europeia (ALC/UE). A crise agudizou-se na quinta-feira, no seguimento da divulgação de um relatório da Interpol.

A Polícia Internacional assegurou, neste relatório, a autenticidade dos ficheiros encontrados no computador do líder guerrilheiro Raul Reyes, abatido pelo exército colombiano em território do Equador, que apontam para o financiamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) pelo Governo venezuelano.

Hugo Chávez afirma que todo este caso não passa de “uma palhaçada orquestrada pelo Governo colombiano”, que acusa de dificultar as negociações venezuelanas com vista à libertação dos reféns: “Uribe não quer que essas pessoas saiam de lá e acredito que não quer porque Bush não quer”, tinha declarado o presidente venezuelano na quinta-feira.

À margem desta crise diplomática, sobressaíram, nos encontros multilaterais, outras divergências entre os líderes da América Latina e da Europa, sobretudo no campo das relações económicas. Alguns países sul-americanos recusam-se a abrir os seus mercados e a UE é intransigente na manutenção da política de subsídios aos agricultores.

“O nosso apelo, na qualidade de anfitriões momentâneos, é que a nossa discussão de hoje se concentre nos pontos que nos unem em vez de nos determos naquilo que nos desune e, por enquanto, nos divide”, afirmou, num tom conciliador, Alan Garcia, Presidente do Peru, na sua intervenção de abertura dos trabalhos.

A Casa Branca, por sua vez, também deitou mais uma acha na fogueira. Sean McCormack, porta-voz do Departamento de Estado, na sequência da divulgação da informação da Interpol, fez uma intervenção pública, na qual afirmou que “as informações que mostram relações de Caracas com as FARC são preocupantes”.

Ver também:

Crise diplomática na América do Sul


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V Cimeira ALC/UE rodeada por fortes medidas de segurança

Em Lima, no Peru, um grande dispositivo de segurança vigia o início, esta sexta-feira, da V Cimeira América Latina e Caraíbas/União Europeia (ALC/UE). A operação, que envolve mais de 50 mil elementos, aviões de combate e um vaso de guerra, visa proteger a meia centena de Chefes de Estado e de Governo que participam no encontro.

A agenda desta cimeira bienal inclui questões relacionadas com a luta contra a pobreza e a luta contra as alterações climáticas. Além destas duas questões centrais, temas como a liberalização dos mercados, a emigração, o narcotráfico e crise alimentar mundial também serão abordados na cimeira, a pedido, entre outros, do Parlamento Europeu.

Citado pela Lusa, o presidente da comissão de alto nível da Cimeira, Ricardo Llona, garantiu que a organização “não se poupou a esforços para assegurar a tranquilidade e a integridade dos convidados”, justificando o aparato bélico com o pressuposto de que “a segurança nunca é total, não se pode baixar a guarda”.

O Peru vive uma época de reconciliação nacional, depois do conflito que marcou as décadas de 80 e 90. Durante este período, as tropas governamentais combateram as actividades guerrilheiras do Sendero Luminoso e do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, numa onda de violência que provocou mais de 60 mil mortos e desaparecidos.

14 maio 2008

Olmert fala em “pontos de concordância” com Abbas

O Primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, declarou esta terça-feira ter chegado a “entendimentos e pontos de concordância”, com Mahmoud Abbas, Presidente da Autoridade Palestiniana, em relação a “questões importantes do processo de paz”. As afirmações foram proferidas durante um discurso, perante uma plateia de personalidades e empresários de várias nacionalidades. Apesar de não ter entrado em detalhes, o Chefe do Governo hebraico disse que “o maior e mais importante desafio para o Estado de Israel é a determinação das fronteiras permanentes”.

12 maio 2008

Monges violentos

Está a circular pela Internet esta fotografia, na qual aparecem alguns dos “monges tibetanos” responsáveis pela violência em Lassa, enquanto se preparavam para dar início à encenação. A fotografia foi difundida por uma agência noticiosa britânica, não identificada. Os verdadeiros monges bem tinham razão quando diziam que não eram eles…


Sérvios escolhem via europeia

O Presidente sérvio, o moderado e europeísta Boris Tadic, viu confirmadas as expectativas de vitória da coligação liderada pela sua força política, o Partido Democrático (DS), nas legislativas antecipadas deste domingo. Estes resultados são um sinal claro da orientação da Sérvia em relação à União Europeia.

As eleições foram uma consequência da demissão do Primeiro-ministro Vojislav Kostunica. A colaboração entre democratas e radicais tornou-se insustentável devido às divergências, no seio da coligação governamental, quanto às posições internacionais da Sérvia face aos países que reconheceram a independência do Kosovo.

As primeiras previsões atribuem à coligação europeísta 39% dos votos, o que pode representar 103 dos 250 lugares do Parlamento. Estes resultados representam um aumento de 20 parlamentares, em relação aos conquistados em 2007. O Partido Radical será, segundo estes resultados provisórios, o segundo mais votado com 28,5%.

“A Sérvia escolheu um caminho claro para a Europa”, afirmou Tadic, na sua declaração aos jornalistas. A UE já saudou a vitória da coligação europeísta. A presidência eslovena divulgou um comunicado, no qual anuncia que “acolhe de forma muito positiva a vitória clara das forças sérvias pró-europeias”.

11 maio 2008

150 chicotadas por tomar café

Na Arábia Saudita, segundo noticiou a RTP este domingo, um homem foi condenado a 150 chicotadas, por ter cometido o crime de tomar café com uma mulher com a qual não mantém qualquer relação.

A Lei Islâmica (Sharia) fornece um código completo de comportamento, em público e em privado. Este sistema legal, misógino e repressivo, é garantido pela omnipresença da polícia religiosa na sociedade.

08 maio 2008

Liderança bicéfala

Dmitri Medvedev recebeu a chave do Kremlin. A tomada de posse fez-se na quarta-feira, com pompa e circunstância, tendo reunido mais de dois mil convidados. A cerimónia esteve rodeada por um grande dispositivo de segurança. Medvedev, de 42 anos, é o terceiro Presidente da Federação Russa, desde o fim da União Soviética.

No seu discurso de tomada de posse, Medvedev garantiu a “continuação da política do Presidente Putin”. Garantiu também que “Vladimir Putin desempenhará um papel-chave na concretização dos objectivos que integram a estratégia de desenvolvimento da Rússia”. No dia seguinte, foi a vez de Putin ser nomeado Primeiro-ministro.

Num acto pleno de simbolismo, Medvedev acompanhou Putin à Duma para apresentar pessoalmente a proposta de nomeação do ex-presidente. A Duma aprovou o documento com uma expressiva maioria, tendo votado favoravelmente 392 dos 450 deputados. Os 56 deputados do partido comunista foram os únicos que votaram contra a nomeação.

Putin, no seu discurso de posse, salientou que as suas políticas terão, obrigatoriamente, que passar por um “fortalecimento da liberdade de empresa”. O recém-empossado Primeiro-ministro garantiu que vai trabalhar para que a Rússia se torne, num prazo de quinze anos,”um dos líderes mundiais em termos de qualidade de vida”.

Ver também:

Liderança bicéfala ou corta-fitas?



06 maio 2008

Os crimes do Dalai Lama

O Diário do Tibete, principal meio de comunicação da administração chinesa no território, acusou esta segunda-feira o Dalai Lama de cometer “crimes monstruosos” e promover o separatismo na região. As acusações surgem um dia depois de mandatários chineses terem reunido com representantes do líder tibetano exilado. O dito jornal acusa também o líder espiritual tibetano de incitar à sabotagem dos Jogos Olímpicos.

O Governo chinês, tendo sido alvo de pressões internacionais, acedeu a encetar o diálogo com o Dalai Lama. Esta cedência surge numa altura em que a China tenta acalmar os ânimos da cena internacional, a três meses do início dos Jogos Olímpicos. A primeira ronda das conversações realizou-se em Shenzhen, no sul do país. A reunião decorreu à porta fechada mas as duas partes assumiram publicamente que vão continuar as conversações.

05 maio 2008

Segunda volta no Zimbabué?

A recontagem dos votos no Zimbabué, cujos resultados foram anunciados na última quarta-feira, veio confirmar a contagem inicial. O líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), maior partido da oposição, Morgan Tsvangirai venceu a primeira volta das eleições presidenciais que se realizaram a 29 de Março.

Tsvangirai informou que vai anunciar nos próximos dias a sua decisão sobre a participação, ou não numa segunda volta. Apesar de considerar que a Comissão Eleitoral alinhou numa fraude imposta por Robert Mugabe, espera-se que o MDC não boicote o acto. Mugabe já informou que tenciona participar.

Os observadores eleitorais da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que monitorizaram a recontagem dos votos no Zimbabwe afirmaram, num comunicado distribuído sábado, que o processo de reverificação dos resultados do escrutínio foi efectuado “de maneira livre e equitativa”.

O Ministro angolano José Marcos Barrica, chefe da missão de observadores da SADC afirmou, segundo a agência PANAPRESS, que a operação ocorrida nos distritos onde os partidos denunciaram fraudes, “fez-se nas condições fixadas pela lei e o seu resultado é o reflexo da vontade expressa pelas populações destas zonas”.

04 maio 2008

Rússia acusa Geórgia de demonstração de força

O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da Rússia difundiu um comunicado, na última terça-feira, no qual acusa o Governo georgiano de estar a concentrar forças militares nos limites da região controlada pelos separatistas Abkhazes, na parte superior do vale de Kodori. Este vale é a única parte de território que ainda é reclamado, à Geórgia, pela autoproclamada República da Abkházia. Os abkhazes consideram este vale uma parte do seu país, apesar de estar actualmente sob domínio de Tbilissi.

Segundo o alto responsável russo, essa iniciativa militar terá envolvido mil e quinhentos elementos da polícia e das tropas especiais e algumas unidades de artilharia, naquilo que considera “uma operação de demonstração da autoridade” georgiana sobre a zona. O MNE russo acusou também o Governo georgiano de ter difundido “uma montagem de vídeo”, para alegar prova de que um avião russo tinha abatido um avião espião georgiano, nos céus da Abkházia, no passado dia 20 de Abril.

02 maio 2008

Uma perspectiva sobre a independência do Kosovo

Uma perspectiva sobre a independência do Kosovo - Seminário de Segurança e Defesa II - 30 de Abril


A recente proclamação unilateral de independência do Kosovo, seguida do reconhecimento imediato, pelos Estados Unidos e pela maior parte das principais potências europeias, levanta novas questões à sociedade das nações. A urgência das principais potências em salvaguardar os seus interesses estratégicos leva a que os países contornem as regras do Direito Internacional. Neste trabalho avaliamos, por um lado, os moldes deste processo político, através de uma análise aos antecedentes e condicionalismos, étnicos e históricos que estão na origem do problema. Num segundo momento, fazemos a aproximação possível às consequências legais, éticas e práticas que podem advir deste processo, em termos de implicações internacionais, tendo em conta a marginalidade do mesmo face às convenções vigentes.


As Jugoslávias e o Kosovo

O Kosovo fez parte do Império Otomano desde 1389 (ano em que os sérvios foram derrotados na batalha de Kosovo-polja) até às guerras balcânicas (1912-1913), quando o Reino da Sérvia anexou a Macedónia. Nessa época, o Kosovo era parte da região administrativa de Skopje. Quando os sérvios anexaram a parte norte da Macedónia, na altura sob domínio turco, transformaram a região do Kosovo numa província do seu Estado, com o argumento de que aquela região era o berço da sua nacionalidade. Em 1918 foi fundado o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos. Foram unificados politicamente, sob a coroa sérvia, os povos eslavos que compunham o mosaico étnico resultante de séculos de disputas territoriais entre os impérios Austro-húngaro e Otomano.

Em 1929 este país passou a chamar-se Reino da Jugoslávia (Reino dos eslavos do sul). Uma grande conflituosidade entre as diferentes etnias originou uma guerra civil que duraria até ao fim da 2ª Guerra mundial. A ocupação fascista cimentou ódios antigos. Enquanto sérvios, croatas e bósnios se digladiavam entre si e contra o invasor, a Albânia, apoiada pelas tropas de Mussolini, ocupou o Kosovo e os albaneses expulsaram grande parte dos sérvios que viviam no território. Tendo contribuído de forma importante para a derrota das potências do Eixo, Tito e os seus partizans (guerrilheiros comunistas apoiados pela União Soviética) fundaram, em 1945, a República Socialista Federal da Jugoslávia, que congregava seis repúblicas: Sérvia, Croácia, Eslovénia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedónia.

Uma frase podia caracterizar a Jugoslávia de Tito: “Seis repúblicas, cinco etnias, quatro línguas, três religiões, dois alfabetos e um Partido”. Este sistema mostrou-se eficaz para forçar a convivência entre as etnias: atenuava as divisões religiosas e continha os nacionalismos (características dos regimes socialistas/comunistas). Tito promoveu a integração de todas as etnias, mas não permitiu o regresso dos sérvios que tinham sido expulsos do Kosovo durante a guerra. Com a morte de Tito, em 1980, a estabilidade étnica, até aí mantida com mão-de-ferro pelo regime, começa a mostrar sinais de fraqueza.

Verifica-se um reacendimento das antigas disputas étnicas, através do ressurgimento dos nacionalismos extremistas, por todas as partes. Em 1981, os albaneses do Kosovo fazem manifestações nas quais pedem a criação de uma República do Kosovo, no contexto da Jugoslávia. A Polícia e o Exército reprimem as manifestações com violência. Os protestos que se verificaram nos anos seguintes, levaram o recém-eleito presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic, a retirar, em 1989, a autonomia administrativa que tinha sido concedida por Tito em 1974.

O regime jugoslavo tinha atribuído o estatuto de Região Autónoma ao Kosovo e à Voivodina, devido à composição étnica destas províncias (o Kosovo pela sua maioria albanesa e a Voivodina pela sua importante minoria húngara). Em resposta à retirada da autonomia, os albaneses do Kosovo proclamaram, em 1990, a sua independência, reclamando ser uma das Repúblicas Federadas. A partir desse momento intensifica-se a repressão do Exército Federal no território.

As guerras que, entre 1991 e 1997 dividiram a República Socialista Federal da Jugoslávia, deram origem aos Estados da Eslovénia, Croácia, Antiga República Jugoslava da Macedónia, Bósnia-Herzegovina e Federação Jugoslava (resultante da manutenção da união política entre a Sérvia e o Montenegro). Em 1996, tinha sido formado o Exército de Libertação do Kosovo (UÇK). Em 1998, as acções de guerrilha intensificam-se e o Exército Jugoslavo reforça o contingente no Kosovo, para conter os separatistas.

A intensificação das acções militares fez com que alguns países da NATO manifestassem o seu apoio aos guerrilheiros albaneses do UÇK, com o propósito humanitário de evitar a repetição dos crimes de guerra, cometidos pelos sérvios durante a guerra da Bósnia. Em Março de 1999, a NATO, sem consentimento do Conselho de Segurança das Nações Unidas, realiza uma grande vaga de bombardeamentos contra a Jugoslávia (à data composto pela Sérvia e pelo Montenegro), para que cessem as hostilidades dos sérvios contra civis albaneses no Kosovo.

A ONU aprova a resolução 1244 em Junho de 1999. A Polícia e o Exército Jugoslavos são forçados a abandonar a província. Ao abrigo desta resolução, a NATO constitui a KFOR e a ONU forma a MINUK, a quem passa a competir a administração do território. Nos meses seguintes, mais de 200 mil kosovares, de etnias não-albanesas, deixam a província. Estes cidadãos sérvios, judeus e ciganos são expulsos, quando os albaneses que tinham fugido para a Albânia e para a Macedónia, durante as anteriores perseguições sérvias.

Em 2003, a Sérvia e o Montenegro extinguem formalmente a Jugoslávia, que dá lugar a um novo país, designado Sérvia e Montenegro. Após um referendo, em 2006, o parlamento montenegrino acabou por declarar a independência. O moderado e europeísta Boris Tadic venceu as presidenciais sérvias a 3 de Fevereiro de 2008. A declaração de independência foi proferida no dia 17 pelo Primeiro-ministro e antigo guerrilheiro Hashim Thaçi.


Mediação internacional

O mediador nomeado pelas Nações Unidas para a questão do Kosovo, o finlandês Martti Ahtisaari apresentou, em Março de 2007, um relatório que apresentava a independência como sendo a única opção viável para resolver o problema. Este relatório, apesar de registar a impossibilidade da aceitação, pelos albaneses, do regresso à soberania sérvia, admitia que o Kosovo tem uma capacidade limitada para promover o desenvolvimento democrático e a recuperação económica, ou gerir a reconciliação nacional e protecção das minorias.

Em Julho, o Conselho de Segurança da ONU termina o processo de consultas sem alcançar um acordo. A Rússia opõe-se, visto que a Sérvia considera o plano de Ahtisaari inaceitável. Em Novembro, o antigo líder guerrilheiro Hashim Thaçi, do Partido Democrático do Kosovo (KDP), vence as eleições legislativas kosovares, consideradas ilegais por Belgrado.

A Rússia afirma que a independência do Kosovo pode originar a formação de uma Grande Albânia, o que pode provocar, tanto na Sérvia como na Croácia, novas tentativas de expansionismos, desta vez em relação aos territórios da Bósnia-Herzegovina. É nesse argumento, partilhado com a Rússia, que a Sérvia se apoia para recusar o plano proposto por Martti Ahtisaari.


Viver no Kosovo: uma economia dependente

Dos dois milhões de habitantes, estima-se que cerca de metade viva com carências alimentares. A taxa de natalidade do Kosovo tem sido, nos últimos anos, uma das mais altas da Europa, tendo actualmente um terço da população com menos de 14 anos. A economia não tem capacidade para criar novos empregos. A sobrevivência económica dos kosovares albaneses tem sido, ao longo dos últimos anos, assegurada pelas remessas dos cerca de 375 mil emigrantes, que residem principalmente nos Estados Unidos, Alemanha e Suíça. Estas remessas rondam um valor anual de cerca de 450 milhões de euros.

A actual taxa de desemprego do território ronda os 40%. O sector público e as organizações internacionais empregam a maior parte da população activa. Apesar dos baixos salários, visto que as organizações internacionais são os empregadores que melhor remuneram os seus funcionários, o custo de vida no Kosovo equipara-se ao dos países da UE.


Implicações internacionais da declaração de independência

A declaração unilateral e sustentada pelas principais potências mundiais, põe em causa a legitimidade que estes países dizem reconhecer à ONU, como única entidade a quem é reconhecida essa competência do Direito Internacional. Antes da declaração kosovar, altos responsáveis políticos russos sugeriram que uma proclamação unilateral poderia obrigar a Rússia rever as posições face às repúblicas autoproclamadas da Abkházia e da Ossétia do Sul (regiões separatistas da Geórgia, com importantes populações russófonas) e da Transnístria, secessionista da República Moldova.

A declaração (e reconhecimento) da independência do Kosovo abre um precedente, para muitas outras entidades governativas que procuram obter o reconhecimento internacional dos seus países, além dos já referidos, como a Palestina, o Sara Ocidental, o Nagorno-Karabakh, ou até o País Basco e a Catalunha.

A resolução 1244 reconhece o Kosovo como uma província da Sérvia. Os países que reconheceram a independência sustentam a tese de que a resolução já não se aplica ao território, visto que já não existe a entidade política Federação Jugoslava, que integrava duas repúblicas (Sérvia e Montenegro) e duas Regiões Autónomas (Kosovo e Voivodina).

A Rússia, ao ver grandes bases militares americanas às suas portas, encara a possibilidade de expandir, de facto, o seu território. Ao reconhecer a Abkházia e a Ossétia do Sul, a Rússia cresce para sul, absorvendo território georgiano, reconhecido pelo Direito Internacional. Houve até rumores, na última cimeira da NATO, de que Putin teria manifestado a intenção de ocupar partes da Ucrânia se este país aderisse a esta organização.

01 maio 2008

Dia do Trabalhador marcado por protestos

As comemorações do Dia do Trabalhador marcaram esta quinta-feira. Um pouco por todo o mundo, muitos milhares de cidadãos saíram à rua para assinalar o dia com manifestações, organizadas pelos mais variados quadrantes políticos e sociais. Na Turquia e na Alemanha, as manifestações acabaram em confrontos com a polícia.

Nos protestos de Istambul, a polícia turca dispersou manifestantes à bastonada e com recurso a gás pimenta, canhões de água e até balas de borracha. Os manifestantes, estudantes e trabalhadores, tentavam chegar à praça Taskim, onde estava prevista a concentração. Perante a insistência popular, a polícia de choque investiu e fez perto de 500 detenções.

A manifestação tinha sido proibida pelo Governo. Desde o golpe militar de 1980 que as autoridades turcas não autorizam manifestações na praça Taksim. Apesar desta proibição, todos os anos os sindicatos tentam fazer manifestações no local. Geralmente, estas concentrações não autorizadas acabam por ser dispersadas com violência pelas autoridades policiais.

Na Alemanha, os protestos começaram de véspera. Na noite de quarta-feira, verificaram-se diversos actos de vandalismo nas ruas de Hamburgo, protagonizados por grupos de extrema-esquerda. A polícia dispersou os manifestantes com o recurso a canhões de água. Ainda durante a noite, em Berlim, a polícia fez 20 detenções, numa festa que terminou com distúrbios.

Durante o dia, a polícia envolveu-se em novos confrontos com os manifestantes. Em Hamburgo e Nuremberga, militantes de extrema-esquerda tentaram impedir as manifestações neo-nazis marcadas para este dia. Os sindicatos e organizações de esquerda consideram as marchas de extrema-direita uma provocação aos trabalhadores em geral.