31 janeiro 2008

Algumas ideias-chave sobre a Jugoslávia

Em 1918, das cinzas dos Impérios Otomano e Austro-húngaro, foi fundado o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos. Essa nova nação unia, sob a tutela da família real sérvia, os povos eslavos que historicamente tinham estado subjugados aos impérios Austro-húngaro e Otomano.

Em 1929 este país passou a chamar-se Reino da Jugoslávia (Reino dos eslavos do sul). Durante o período que antecedeu a 2ª Guerra Mundial, havia grande conflituosidade entre as diferentes etnias, que levaria a uma guerra civil que perduraria até às invasões alemã e italiana, em 1941.

A ocupação fascista cimentou ódios antigos, sobretudo porque uma significativa parte do povo croata apoiaria Hitler e o nazismo, em parte como forma de vingança dos antigos opressores sérvios. Deste ódio inter-étnico evidenciaram-se dois grupos beligerantes rivais: os Ustashi, croatas que lutavam ao lado dos nazis, com o objectivo de estabelecer a Grande Croácia, e os tchetniks, monárquicos sérvios, que por um lado combatiam os nazis e, por outro, as facções croatas que lutavam contra o ideal de uma Grande Sérvia, herdado do domínio sérvio no Reino da Jugoslávia.

A bandeira comunista surgiu como uma forma de atenuar os conflitos entre etnias e combater os nazi-fascistas. Surgiram então os partizans, guerrilheiros comunistas apoiados pela União Soviética, liderados por Josip Broz Tito.

Derrotadas as potências do Eixo, Tito fundou a República Socialista Federal da Jugoslávia, que congregava seis repúblicas: Sérvia, Croácia, Eslovénia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedónia.

Uma frase podia caracterizar a Jugoslávia de Tito: "Seis repúblicas, cinco etnias, quatro línguas, três religiões, dois alfabetos e um Partido". Este sistema mostrou-se eficaz para forçar a convivência entre as etnias, pois atenuava as divisões religiosas através do ateísmo próprio dos regimes socialistas/comunistas.

Com a morte de Tito, a estabilidade étnica, até aí mantida com mão-de-ferro pelo regime, começa a mostrar sinais de fraqueza, com o consequente reacender das disputas antigas e um reavivar dos nacionalismos extremistas, por todas as partes.

Depois das sangrentas guerras que, entre 1991 e 1997, dividiram a República Socialista Federal da Jugoslávia pelas repúblicas da Eslovénia, Croácia, Macedónia, Bósnia-Herzegovina e Federação Jugoslava (resultante da manutenção da união política entre a Sérvia e o Montenegro), subsistia um problema de fundo.

A política de povoamento de Tito, após a 2ª Guerra Mundial, tinha impedido os sérvios kosovares, que tinham fugido do Kosovo durante a ocupação pelas forças do eixo, de regressar às suas casas, em nome da estabilização rápida e de uma reconciliação entre as várias etnias.

Os sérvios, apesar de terem apenas 10% da população kosovar, vêem no Kosovo o “berço da sua nação”, sendo também um importante lugar de peregrinação na sua fé ortodoxa.

A província do Kosovo, de maioria albanesa, manifestava pretensões separatistas Estas pretensões nacionalistas dos albano-kosovares (80% da população) provocariam uma resposta musculada dos sérvios, que invadiram a província. Esta acção militar daria origem a que alguns países da NATO manifestassem o seu apoio aos albaneses do Kosovo, nomeadamente ao seu braço armado, o Exército de Libertação do Kosovo (ELK).

Os argumentos utilizados pela NATO visavam a necessidade de evitar a repetição dos crimes de guerra, perpetrados pelos sérvios da Bósnia, mas desta vez em território kosovar, contra muçulmanos albaneses.


2 comentários:

Antonovsky disse...

Bom trabalho sobre a ex-jugoslávia.

zasilva disse...

A seguir é o Kosovo... De 1999 aos dias de hoje