Os governantes albaneses do Kosovo afirmam-se empenhados “numa ampla cooperação” com Bruxelas e Washington, no sentido de definir uma data para a declaração de independência. A UE e os EUA preferem falar em “definição do futuro da província”, de modo a não exaltar os ânimos entre os sérvios antes da segunda volta das presidenciais.
Enquanto não estiver definido o futuro político da Sérvia, não é de prever uma tomada de posição, por parte da UE, em relação ao futuro deste território, sob administração da ONU desde 1999, ano dos bombardeamentos e do início da ocupação militar da NATO.
Espera-se, no entanto, que os EUA, bem como as principais potências da UE, venham a reconhecer a curto prazo a independência da província, apesar da oposição da Sérvia e da Rússia, que já alertou que irá retaliar caso essa declaração seja proferida.
Uma economia dependente
Dos dois milhões de habitantes, estima-se que cerca de metade viva com carências alimentares. Também a taxa de natalidade do Kosovo tem sido, nos últimos anos, uma das mais altas da Europa, tendo actualmente um terço da população com menos de 14 anos.
O grande problema interno com que a província separatista se depara, perante a iminente independência, é a incapacidade para criar novos empregos. A sobrevivência económica dos albano-kosovares tem sido, ao longo dos últimos anos, assegurada pelas remessas dos cerca de 375 mil emigrantes, a residir sobretudo nos Estados Unidos, Alemanha e Suíça. Estas remessas rondam um valor anual de cerca de 450 milhões de euros.
A actual taxa de desemprego do território ronda os 40%. O sector público e as organizações internacionais empregam a maior parte da população activa. Apesar dos baixos salários, visto que as organizações internacionais são os empregadores que melhor remuneram os seus funcionários, o custo de vida no Kosovo equipara-se ao dos países da UE.
Os kosovares albaneses esperam que a adesão à UE e consequente abertura das fronteiras e dos mercados, possa por um lado, proporcionar desenvolvimento na região e, por outro, permitir uma emigração mais acessível e mais segura.
Os sérvios kosovares encontram-se numa situação delicada e aguardam a definição política para saber como será o seu futuro enquanto etnia minoritária num futuro estado que não aceitam.
UE apoia e Rússia ameaça
Os EUA e a maior parte dos 27 Estados da UE estão prontos para reconhecer a independência do Kosovo. As posições destes actores têm-se pautado pela moderação, alegadamente para não interferir com os resultados eleitorais da segunda volta das presidenciais sérvias e evitar dar argumentos aos ultra-nacionalistas liderados por Nikolic.
Durante a presidência portuguesa da UE, os chefes de Estado e de governo dos 27 decidiram enviar uma “missão civil e de apoio à polícia” para o Kosovo, assumindo a pretensão de liderar os programas de estabilização e desenvolvimento para a região. A União vai enviar uma força de 1.800 efectivos, que vai substituir o contingente da ONU, que tem conduzido a missão.
A Rússia, aliado tradicional dos sérvios, alertou já os EUA e a UE que tem um “plano de acção para o caso do Kosovo declarar a independência unilateralmente” que compreende algumas medidas “totalmente de acordo” com as posições assumidas anteriormente pelo executivo de Moscovo sobre a independência para o Kosovo”. O negociador russo para o Kosovo, Alexander Kharchenko, afirmou ontem que o reconhecimento internacional da independência “poderá originar uma catástrofe humanitária na região”.
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