Mais de 150 mil pessoas desfilaram esta quinta-feira no centro de Belgrado, num protesto contra a declaração unilateral de independência do Kosovo. A manifestação foi convocada pelo primeiro-ministro, Vojislav Kostunica, para “mostrar pacificamente ao mundo” que os sérvios não aceitam a independência da sua província.
Num tom inflamado, o primeiro-ministro deu o mote ao protesto: “O Kosovo é Sérvia! O Kosovo pertence ao povo da Sérvia! Sempre foi assim e sempre será assim! Por nós, os sérvios, tudo é possível pela amizade, mas nunca pela força. Se aceitamos a força e o medo, cada vítima da fundação da Sérvia terá sido em vão!”.
Ao fim da tarde, grupos de jovens atacaram as representações diplomáticas dos Estados Unidos, Croácia, Alemanha, Canadá e Turquia. Os confrontos entre os manifestantes e as forças policiais provocaram mais de 80 feridos, entre os quais 21 polícias e um jornalista holandês.
A embaixada dos Estados Unidos foi invadida e incendiada, tendo um indivíduo chegado ao ponto de retirar a bandeira norte-americana e colocar uma da Sérvia. Enquanto isso, a multidão gritava “Sérvia, Sérvia”. O incêndio provocou um morto.
Numa região fronteiriça entre a Sérvia e o Kosovo, um grupo formado por cerca de 300 pessoas, entre elas muitos veteranos do Exército sérvio, atacou, com pedras e cocktails-molotov, um posto da polícia albanesa. O presidente da Sérvia, Boris Tadic, a partir de Bucareste, onde se encontra em viagem oficial, pediu o fim da violência.
O ministro dos negócios estrangeiros alemão, Gernot Erler, tinha afirmado na quarta-feira que os políticos sérvios ficaram “prisioneiros das suas próprias palavras”, por terem levado a opinião pública a acreditar que a independência do Kosovo era possível de evitar.
“Agora têm dificuldades para dar explicações, e adoptam uma postura agressiva para com o Ocidente”, afirmou. O político desvalorizou, no entanto, os protestos e críticas, dizendo serem apenas “escaramuças de retirada”.
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