23 fevereiro 2008

Turquia ataca no Curdistão iraquiano

O exército turco lançou na terça-feira uma operação militar em larga escala no Curdistão Iraquiano. A incursão tem por objectivo desmantelar bases dos rebeldes do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão.


Segundo o governo de Ancara, a operação visa impedir os separatistas curdos de lançar ataques sobre o território turco, a partir do norte do Iraque. Os cinco dias de incursão provocaram já a morte de 40 combatentes curdos e de pelo menos quatro soldados turcos. Um porta-voz do PKK afirmou este sábado que os combates causaram já 22 mortos entre os atacantes.


Os rebeldes ameaçaram já que, se Ancara não interromper a ofensiva militar, podem desferir ataques sobre cidades turcas. Ahmad Danis, porta-voz do PKK, afirmou, à AFP, que “se a Turquia mantiver o ataque, deslocaremos o cenário dos combates para o interior das cidades turcas”. Salientou, no entanto, que estas acções “não irão apontar para a população civil”.


O ministro dos negócios estrangeiros iraquiano, Hoshyar Zebari, afirmou sábado, em declarações à BBC que uma escalada na operação militar turca pode desestabilizar ainda mais a região. O ministro iraquiano lamentou que várias pontes tenham sido danificadas, apesar das promessas dos governantes turcos de não afectar as infra-estruturas iraquianas durante as manobras.


O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse este sábado que a operação seria breve: “O alvo, o propósito, o tamanho e os parâmetros desta operação são limitados”, acrescentando que o Exército “voltará para casa o mais rápido possível”. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Mun, manifestou já a sua preocupação com a “protecção dos civis nos dois lados da fronteira”.


O Parlamento turco tinha aprovado, em Outubro do ano passado, uma autorização para a realização de operações militares em território iraquiano, no âmbito do combate aos rebeldes do PKK. Porém, ao contrário do que aconteceu há três meses, este ataque não foi precedido de qualquer ataque por parte dos rebeldes do PKK. O Governo turco admite que três a 10 mil soldados estejam envolvidos na ofensiva.


Os 26 milhões de curdos, distribuídos entre a Turquia, o Iraque, o Irão, a Síria, a Arménia e Azerbaijão, são o maior povo do mundo sem um Estado próprio. O PKK luta por um Curdistão independente desde 1978. Estima-se que mais de 35 mil pessoas tenham morrido desde então, entre combatentes e civis. Os Estados Unidos e a União Europeia têm o PKK nas suas listas de organizações terroristas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Hi, look here