As eleições deste Domingo confirmaram as previsões: Dmitri Medvedev sucede a Vladimir Putin na presidência da Federação Russa. Putin, constitucionalmente impedido de concorrer a um novo mandato, trocará o Kremlin pela Casa Branca, residência oficial do primeiro-ministro.
Mais de 35 mil pessoas comemoraram, na Praça Vermelha, a vitória eleitoral. As autoridades tinham montado um sofisticado espectáculo de vitória. Poucos minutos depois do fecho das urnas, o hino de campanha de Medvedev era entoado na televisão pública, que transmitia em directo do local das celebrações.
Sergei Sobyanin, chefe de campanha de Medvedev, afirmou à AFP que “o resultado não estava pré-determinado” e que as eleições “ofereceram verdadeiras opções aos eleitores”. Os críticos, porém, argumentam que houve casos de patrões que coagiram o sentido de voto dos seus funcionários.
Numas eleições sem monitorização da OSCE, Medvedev obteve 69,6% dos votos, Guennadi Ziuganov, dirigente do Partido Comunista, alcançou os 17,2 %, Vladimir Jirinovski, líder do Partido Liberal Democrático, de extrema-direita, 11,4% e Andrei Bogdanov, candidato do Partido Democrático, europeísta, não foi além de 1,8%.
Outros candidatos tinham, no entanto, sido excluídos pelo Kremlin, ou simplesmente declararam que não participaram nas eleições, por considerarem não haver um ambiente suficientemente democrático. A afluência às urnas foi de 70 %, o que traduziu uma subida de 6 pontos percentuais em relação às anteriores presidenciais.
Os observadores do Partido Comunista da Rússia denunciaram mais de 200 violações da lei eleitoral, em várias regiões do país. A oposição, de um modo geral, acusa o poder de ter controlado a campanha eleitoral de forma tendenciosa, tanto através do suporte governamental como das ameaças à oposição, protagonizadas pela oligarquia dominante.
Analistas afirmam que há duas possibilidades para a evolução dos acontecimentos dentro do regime: ou Putin e Medvedev realmente alcançam a liderança bicéfala, que ferozmente anunciaram durante a campanha ou o segundo será, a médio prazo, transformado em corta-fitas pela estrutura política instalada.